domingo, 19 de fevereiro de 2012

Desfile da Gaviões ajuda a sacralizar o mito Lula

- Publicado por Robson Pires, na categoria Notas às 06:09 Josias de Souza destaca que a biografia de Lula, já crivada de surpresas e contradições, ganhou na madrugada deste domingo (19) o adorno de um novo paradoxo. Numa celebração mundana, a figura mitológica de Lula foi sacralizada.
O carnaval, como se sabe, é embalado pelos atributos do Tinhoso: mutações de personalidade, dissimulações, desvario… É nessa época do ano que as pessoas entregam-se a um vale-tudo consentido.
Homem vira mulher, mendigo vira imperador, paulista vira baiana, branco vira índio. Lula já tinha virado mito. No desfile da Gaviões da Fiel, a figura mitológica foi como que canonizada. Lula ganhou halo de santo.
“Verás que um filho teu não foge à luta – Lula, o retrato de uma nação”, eis o mote do enredo da escola. A trajetória do sertanejo retirante que chegou à Presidência foi equiparada à de milhares de brasileiros que vencem na vida pelo esforço pessoal.
Lula deveria ter degustado o espetáculo em que o cultuou do alto de um carro alegórico. Os médicos proibiram. Representou-o a mulher, Marisa. Ela testemunhou in loco as cenas que ele teve de assistir em casa, pela tevê.
Uma cobra humana, louca de entusiasmo, evoluindo em movimentos convulsivos, no ritmo de um samba que sonegou às arquibancadas os pedaços pouco lisonjeiros da história do homenageado. A apresentação da avenida insere-se no show midiático que está sendo a ex-presidência de Lula. Num instante em que decresce o prestígio dos políticos, o de Lula cresce.
O desfile da Gaviões da Fiel ajuda a grudar em Lula sua fantasia predileta. Nos momentos cruciais, ele, como Clark Kent quando vira Superman, abre o paletó e exibe a camiseta de ícone sertanejo, o pobre que venceu o preconceito.
Dedicada a qualquer outro político, a sacralização carnavalesca seria tachada de demagogia. Oferecida a Lula, funciona como beatificação do mito. Isso dá idéia do inimigo que seus antogonistas têm pela frente.


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