terça-feira, 29 de novembro de 2011




A Festa de Dilma, Vilma,
Fátima e Jaime

Estive ontem no aeroporto em construção, de São Gonçalo do Amarante. Por ocasião da entrega do referido aeroporto ao grupo Infra-América, de capital nacional e argentino, que vai acabar de construir o importante equipamento e explorá-lo por vinte e cinco anos. O investimento será de cerca de R$ 800 milhões, mais de 500 milhões de dólares. Trata-se de um consórcio público privado, em que um investimento de grande envergadura será feito pela iniciativa privada, com direito a ganhar um bom dinheiro durante um quarto de século, ao fim do qual o bem, que é público volta ao domínio do Estado brasileiro. Os mais radicais acham que não deveria ser assim. Que o governo deveria investir e explorar o aeroporto sem querer conversa com investidores privados. Cá da minha banda, acho que o governo está certo porque R$ 800 milhões é muito dinheiro e este montante não sendo investido em um aeroporto, pode ir para outros investimentos de interesse mais imediato a que os governos são obrigados a dar respostas como na educação, na saúde, na segurança ou na própria infraestrutura rodoviária, portuária ou aeroportuária. Não vejo o Estado perder nada e vejo a nação ganhando muito numa parceria como esta. Um investimento deste porte traz enormes benefícios na produção, pois se trata de um aeroporto que será rodeado de indústrias, gerando emprego in loco, viabilizando outros ramos da economia do Estado potiguar e da região, trazendo turistas e aumentando sensivelmente a arrecadação de impostos. Mas o detalhe mais curioso do ato, ao mesmo solene e festivo foi a performance de cada político do Estado no evento de São Gonçalo. Vejamos nas notas curtas:
Jaime Calado
Portou-se com muita grandeza como anfitrião. Orientou sua equipe e seus liderados em geral para não vaiar ninguém, mesmo que essa fosse a vontade de muita gente que ali compareceu. Tanto é que, viu-se claramente que o povo de São Gonçalo se controlou, mas o povo de outros municípios estava indócil e ninguém conseguiu controlar as vaias e os gritos de cobrança do Programa do Leite. Jaime fez um bom discurso, muito equilibrado e totalmente na medida. Arrancou aplausos do começo ao fim, chegando ao auge quando pediu à presidenta que levasse ao presidente Lula a mensagem de que o povo da terra dos mártires está rezando pela recuperação da sua saúde.

Fátima Bezerra
Não teve direito à palavra, mas o povo falou por ela através das calorosas palmas cada vez que seu nome era citado.

Henrique
O deputado que passou seus últimos anos de atuação parlamentar dizendo ser o grande carregador da bandeira do aeroporto não foi lembrado. Nem pelo povo pela presidenta. Entrou como saiu. Sem vaias e sem aplausos, a não ser as palmas, digamos, protocolares.

José Agripino
Nem cheirou nem fedeu. Entrou e saiu, como Henrique sem afagos e sem apedrejamentos. Mas se comportou decentemente como oposicionista. Foi citado no pacote da "bancada unida" que a presidenta citou várias vezes.

Micarla
Como prefeita da capital, teve direito a subir no palanque. Não foi tão vaiada como muita gente esperava e recebeu um volume razoável de aplausos da torcida organizada que Jaime Calado organizou para aplaudir todos os presentes quando citados.

Rosalba
Todo cuidado era pouco para evitar vaias excessivas. A turma de Jaime, pronta para aplaudir e boa parte dos assessores da governadora cuidavam de aplaudi-la. Mas isso não foi suficiente para evitar constantes vaias. A presidenta entrou e subiu ao palco de mãos dadas com Rosalba, pois o cerimonial sabia que se ela tivesse sido anunciada separadamente seria desastroso. Ao longo do seu discurso fraquíssimo, recebeu muitos começos de vaias que as palmas tentavam encobrir, mas não conseguiam. Há algum tempo não via a governadora e fiquei impressionado com a imagem de cansaço e sofrimento que ela apresenta há menos de um ano na Governadoria. A presidenta Dilma, no poder pelo mesmo tempo que ela exibe um aspecto jovial, alegre e descontraído, uma imagem de quem está de bem com a vida. E desfilou números e dados altamente positivos, sempre seguidos de grandes aplausos e euforia. Bem mais descontraída que antes, quando exibia um tecnicismo que chegava a enfadar quem a ouvia, caso não fosse um iniciado no assunto em pauta. Uma nova Dilma de aspecto fulgurante, contrastando com uma Rosalba envelhecida, opaca, sem rumo, desafinada com a realidade. Comportei-me como mossoroense e não como oposicionista para vê-la e ouvi-la. E não gostei do que vi. A governadora já não transmite a garra, o orgulho, a grandeza mossoroense.

Vilma
Pode-se dizer que a vida política de Vilma pós-governo, tem um divisor de águas. Antes e depois de ontem. Sofrendo nas últimas semanas, Vilma foi ressuscitada. Pelo povo, que a aplaudiu do começo ao fim, e pela presidenta que mostrou o seu empenho para tirar do papel o aeroporto que começa a virar realidade. Depois de Dilma, Vilma foi a dona da festa. Difícil era distinguir os gritos de aprovação, já que a rima é a mesma, mudando só a primeira letra.

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